Tecnologia 08/08/2022 10:00

Estudo contraria ideia de que celular é prejudicial à memória

Cientistas demonstraram que o uso de lembretes no dispositivo ajuda a pessoa a lembrar de informações importantes, ao mesmo tempo que 'libera espaço' para detalhes secundários

Um estudo realizado por pesquisadores da UCL (University College London) e publicado no Journal of Experimental Psychology demonstrou que o uso de dispositivos digitais, como celulares, pode ajudar a melhorar as habilidade de memória dos indivíduos, ao invés de torná-los “preguiçosos” ou “esquecidos”.

“Queríamos explorar como o armazenamento de informações em um dispositivo digital poderia influenciar as habilidades de memória”, disse o autor sênior, Sam Gilbert, em comunicado.

A pesquisa descobriu que os dispositivos auxiliam as pessoas a armazenar e lembrar de informações significativas, sendo assim liberam “espaço” no cérebro para que se recordem de detalhes que antes eram considerados menos importantes.

Além do mais, os cientistas mostraram que quando o smartphone funciona como uma “memória externa” da pessoa, ele não apenas colabora com a ressalva das informações, mas também com aquelas não foram inseridas nele.

“Descobrimos que, quando as pessoas podiam usar uma memória externa, o dispositivo as ajudava a lembrar as informações que haviam salvado nela. Isso não foi surpreendente, mas também descobrimos que o dispositivo melhorou a memória das pessoas para informações não salvas”, acrescentou Gilbert.

Detalhes da pesquisa

O estudo foi constituído por 158 voluntários, com idades entre 18 e 71 anos. Os testes foram realizados a partir de uma tarefa de memória que deveria ser reproduzida em um tablet ou computador com tela sensível ao toque.

Os participantes visualizaram cerca de 12 círculos enumerados e tiveram que arrastar alguns para a esquerda e outros para a direita. Um dos lados foi definido como de “alto valor” (lembrar de levar o círculo para este lado valia dez vezes mais dinheiro), e o outro foi designado de “valor baixo”.

O teste foi repetido 16 vezes, sendo que em metade eles tiveram que utilizar apenas a própria memória, e os demais puderam ser realizados com lembretes no smartphone.

As conclusões mostraram que os voluntários utilizaram os lembretes, em sua maioria, para armazenar as informações sobre os círculos de alto valor, atitude que melhorou em 18% sua memória nesta modalidade.

Ademais, esta situação também aumentou em 27% a memória com relação aos círculos de baixo valor, mesmo sem lembretes específicos para eles.

“Os resultados mostram que as ferramentas de memória externa funcionam. Longe de causar ‘demência digital’, usar um dispositivo de memória externo pode até melhorar nossa memória para informações que nunca salvamos. Mas, precisamos ter o cuidado de fazer backup das informações mais importantes. Caso contrário, se uma ferramenta de memória falhar, podemos ficar com nada além de informações de menor importância em nossa própria memória”, finalizou Gilbert.

Além desta descoberta, os achados também mostraram um lado negativo do uso de lembretes.

Quando eles foram removidos, os voluntários lembraram mais dos dados dos círculos de baixo valor do que os de alto, sugerindo que eles confiaram as informações mais valiosas aos dispositivos e depois esqueceram-nas.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista