Pandemia 28/01/2022 05:12

Unimed recomenda à rede a suspensão de cirurgias eletivas no RN

A Unimed recomendou a toda a rede credenciada a suspensão das cirurgias eletivas por conta do aumento da demanda relativa à covid-19.

Os hospitais privados da capital potiguar registram alta significativa na taxa de ocupação de seus leitos críticos para covid-19, diante do avanço da variante Ômicron no Rio Grande do Norte. O Hospital Rio Grande tem hoje 100% de ocupação dos leitos críticos destinados à covid.
A Unimed recomendou a toda a rede credenciada a suspensão das cirurgias eletivas por conta do aumento da demanda relativa à covid-19.
A Unimed informou, por meio de sua Assessoria de Comunicação, que “em função do aumento na demanda a Unimed Natal está recomendando aos cooperados e clientes o adiamento das cirurgias eletivas, resguardando as cirurgias oncológicas, cardíacas, essas outras questões”. A Unimed comunicou internamente os cooperados na última quarta (26).
A média semanal de atendimentos na rede da Unimed foi de 6 mil. Na semana passada, esse número saltou para 12 mil atendimentos em 7 dias. Além disso, há 15 dias havia 17 pacientes internados e hoje são 70.
Os dados são relativos a todos os atendimentos, mas segundo a Unimed Natal “há um percentual alto de síndromes respiratórias”. De acordo com a cooperativa, também há falta de insumos para testes PCR.
Segundo Fernando Pinto, diretor-presidente da Unimed Natal,  são disponibilizados para os casos de síndromes respiratórias e covid-19:  4 leitos de UTI adulto (uma ocupado) e 4 de UTI pediátrica (uma ocupado). Há possibilidade de dobrar a disponibilidade de leitos de UTI pediátrica.
Ainda no HU, estão disponíveis 12 leitos de enfermaria/apartamento (6 ocupados) com possibilidade de chegar a 39.
“Estamos atentos ao aumento de casos de síndromes respiratórias/covid e prontos para, quando necessário, deflagrar o plano de ampliação de leitos de retaguarda. Isso se dará quando atingirmos um nível que sugira gargalos na rede. Por isso fazemos o monitoramento diário de internações e atendimentos ambulatoriais”, pontuou.
Diante desse cenário, a Unimed Natal retomou em 12 de janeiro as atividades do Centro de Referência, na Av. Gastão Mariz, Nova Parnamirim. A reabertura, após 5 meses de inatividade, ampliou os atendimentos. Em vez de receber casos exclusivamente de suspeita de covid-19, o espaço passou a receber todas as síndromes respiratórias. Foram 1,7 mil atendimentos desde então apenas de síndromes respiratórias.
Rio Grande
No caso do Hospital Rio Grande, que atualmente conta com 17 leitos críticos destinados a covid, todos estão ocupados. No Hospital Unimed, a situação é diferente: são 8 leitos de UTI para casos de síndromes respiratórias e covid-19, dois quais dois estão ocupados, ou seja uma lotação de 25%. No entanto, a rede credenciada oferece mais vagas e possui 21 internados em UTI.
O Hospital Rio Grande também registra 15 leitos semi-intensivos para casos de covid-19 e síndromes respiratórias com 65% de ocupação. Em relação ao atendimento no local, foi registrado um aumento de aproximadamente 100% no quantitativo de pessoas que buscam o pronto socorro do HRG por dia.
A média diária era equivalente a 200 pessoas mas o Rio Grande passou a atender cerca de 400, com pico de 470 pessoas em 24h.
“Esse é o maior momento com a Ômicron. Temos 22 pacientes internados com sintomas respiratórios entre leitos críticos e não críticos. Porém, o ápice de internação no Hospital Rio Grande se deu em 2020, na primeira onda da pandemia, quando tivemos 77 pacientes internados, entre leitos críticos e não críticos”, informam em nota.
Segundo a direção geral, para o momento não há planos de ampliação apesar da redução de 78% nos leitos críticos covid-19.
O que há são processos internos de reestruturação de fluxos para que haja o maior isolamento possível de pacientes sintomáticos respiratórios, privilegiando a locação destes pacientes em leitos e andares específicos com o menor contato possível entre pacientes sintomáticos de síndromes respiratórias e outros com patologias diferentes, minimizando assim a contaminação horizontal.
Pacientes têm dificuldades no atendimento
Juliana Lima começou a sentir sintomas da covid-19 no dia 16 de janeiro e a confirmação do diagnóstico veio três dias depois.
“De inicio, senti um desconforto na garganta mas só isso. Na segunda-feira, comecei a tossir, sentir dor de garganta e moleza no corpo. No dia seguinte. tive febre fui em uma farmácia atrás do teste mas não havia mais fichas. Também tentei em um laboratório mas não consegui. Foi então que tentei marcar por telefone, mas estava bem difícil encontrar um local e me indicaram um outro laboratório que tem drive”, relata.
Depois de muita procura, Juliana conseguiu realizar o teste após espera de 3 horas para atendimento. Logo em seguida, procurou um otorrinolaringologista de seu plano de saúde e foi tratada a princípio com sintomas de gripe. No fim do dia, veio o resultado positivo para o novo coronavírus.
“Retornei ao médico com o resultado do teste e fiz um exame de sangue,  descobri que além da covid eu estava com infecção bacteriana e quase precisei ser internada. As medicações foram o suficiente mas foi um susto, minha proteína total baixou muito. Já refiz o teste covid com 10 dias de sintomas e deu negativo, porém estou tratando a infecção e retornarei ao médico na quinta-feira para saber se estou curada e receber alta”.
A reportagem também conversou com um enfermeiro que trabalha na linha de frente contra a covid-19 e recentemente foi afastado do trabalho por testar positivo para a doença.
O profissional preferiu não ser identificado mas relatou dificuldades no ambiente de trabalho. Também estimou que dos pacientes sintomáticos que buscaram atendimento nas duas últimas semanas, mais da metade são confirmados como covid-19.
“São pessoas que foram pra eventos públicos e privados, tiveram contato com diversas pessoas e positivaram. Algumas tomaram a vacina, outras não, e vemos casos de todas as idades”.
“Lidamos diariamente com mais de 500 pacientes dando entrada, tudo superlotado. Todos os pacientes que entram, passam por nós, seja para cirurgia, tratamento de uma dor, tratamento clínico, etc. Dessa forma, toda a sobrecarga é sobre nós. Estamos diariamente com colegas adoecendo e sem receber nenhum apoio por isso. Temos ainda mais sobrecarga porque os que ficam acabam tendo que suprir demandas dos que adoeceram”, diz.
A infectologista Marise Reis analisa o momento vivido e orienta a população para os cuidados necessários.
“Estamos, mais uma vez, em situação crítica com relação a nossa capacidade de atender as pessoas que necessitarem de leitos para internação. Essa é a grande preocupação. Os pacientes que tiverem formas leves vão faltar o trabalho, não vão poder frequentar ambientes públicos, mas não correm o risco de morrer. O problema é um paciente grave que vai precisar de leitos de internação, que vão faltar daqui a pouco. Quando analisamos o Regula RN já tem mais gente na fila do que leitos disponíveis de UTI”, diz.
“O primeiro cuidado necessário é a atualização do cartão vacinal. Quem tomou a primeira dose e ainda não tomou a segunda, corre para garantir. Quem tomou a segunda e não tomou a terceira, corra para buscar a dose de reforço. Os indivíduos que estão precisando internar são exatamente aqueles que ou não tomaram o esquema vacinal completo ou não se vacinaram. Outro ponto importante é se você tiver qualquer sintoma gripal, não saia de casa, não vá ao trabalho e nem frequente ambientes públicos. No atual contexto, se você tem sintoma gripal deve ser covid e se você não ficar atento para isso pode contaminar mais pessoas”, finaliza.
Deu em Tribuna do Norte
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista