Economia 03/03/2021 09:37

PIB brasileiro encolhe 4,1% em 2020, o pior resultado da série histórica

4º trimestre teve alta de 3,2%, acima do esperado pelo mercado, mas não o suficiente para compensar as perdas do ano marcado pela pandemia

O PIB brasileiro registrou uma queda de 4,1% em 2020, pior já registrado desde 1996, quando o IBGE começou a série histórica.

Pressionado principalmente pela queda na atividade das indústria (-35%) e dos serviços (-4,5%), o resultado interrompe uma série de pequenas altas que vinham sendo registradas desde 2017.

Somente o setor da Agropecuária registrou alta, de 2%. Em valores correntes, o PIB do ano passado totalizou R$ 7,4 trilhões.

Desde 2017, o PIB brasileiro registrava altas tímidas, sempre próximo de 1%, mostrando um ritmo de recuperação da crise de 2015/16 aquém do esperado e ainda muito abaixo dos patamares de 2014. Com a pandemia, o cenário que já não era favorável se deteriorou ainda mais.

Após quedas trimestrais significativas durante a pandemia, o 4º trimestre registrou uma alta de 3,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior, puxado também pela indústria e pelos serviços, que cresceram 1,9% e 2,7%, respectivamente.

O PIB per capita (por habitante) teve queda de 4,8% em termos reais, também a menor taxa da série histórica, alcançando R$ 35,172 em 2020.

“Essa alta do 4º trimestre, quase meio ponto percentual acima do esperado pelo mercado, deixa um legado forte para o 1º tri de 2021 em termos de base. É muito fácil crescer esse ano.”, explica o economista Arthur Mota, da Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da EXAME.

“Mas, pelo que já temos no mapa, como índice de confiança e as novas medidas de isolamento, o PIB do 1º tri deve acabar vindo muito fraco.”

Sem auxílio emergencial, tombo seria ainda maior

Apesar da queda significativa, o resultado do PIB brasileiro ainda ficou distante do rombo registrado em outras economias do continente, como México e Argentina, cujo PIB ficou negativo na casa dos dois dígitos.

Segundo os pesquisadores do recém-lançado Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), a diferença expressiva entre os resultados do Brasil e dos seus pares latino-americanos se deve, principalmente, aos R$300 bilhões de reais que o governo federal gastou com o auxílio emergencial.

Em um cenário sem o benefício, diz o estudo, a queda do PIB brasileiro em 2020 seria de pelo menos 8,4% — 4 pontos percentuais a mais do que o esperado pelo mercado. No pior cenário sem o auxílio, a queda poderia chegar a 14,8%.

Deu em Exame

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista