Artigo 17/01/2021 12:59

Democracia e imprensa profissional – Por Carlos Linneu TF Costa

Sei que as sínteses e muito mais, as pequenas sínteses, correm o risco de esquecerem o essencial da realidade.

Sei que as sínteses e muito mais, as pequenas sínteses, correm o risco de esquecerem o essencial da realidade.

Mas a gente se arrisca e rabisco uma. O grande problema das democracias constitucionais é o de que sua solidez e permanência dependem somente da base frágil da confiança.

E há algo mais vulnerável e malemolente do que depender só de confiança? Há coisa mais fácil de perder do que a confiança? Pois é nela que o edifício democrático está fundado.

Uma pergunta intermediária: na população, há confiança na neutralidade e na imparcialidade nas decisões do STF? Há confiança na suprema decisão judicial? Há importância nessa relação, nação-STF?

O funcionamento razoável do sistema de pesos e contrapesos entre os três poderes depende só da confiança entre eles e da confiança que o eleitor neles deposita. Não há um sistema mecânico ou eletro-mecânico que os faça operar segundo leis determinísticas.

De sua vez, a confiança é construída pelo cidadão com base nas informações transmitidas pela imprensa, que nos últimos anos, está sendo substituída por milhões de pessoas, descompromissadas com os fatos, operando as redes sociais, todos protagonizando papéis que no passado recente cabiam aos jornalistas profissionais.
Nesse cenário de extrema fragmentação produzida pelas redes sociais, como fazer acreditar nos fatos?

O alvo da desconfiança no momento é o sistema eletrônico de votação. Qual será o resultado do descrédito?

Como densificar conceitos verdadeiros e os consensos indispensáveis propiciados pela grande formadora de opinião que era a imprensa profissional? Não se forma a confiança.

O resultado é o surgimento de falsos totens e uma realidade corrompida por quem grita mais alto. A pior das corrupções, afeta a democracia.

O mundo virtual constitui-se hoje em uma outra dimensão do espaço público. E nela, o Direito Público voltou a engatinhar.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista